Um Bobo sem Corte
A Inexpugnável alegria que
trazia era notória afinal, como um Bobo ele agia, exercendo assim sua função.
Mas, diferente de outros bobos, este não possuía Corte. Logo, algo lhe faltava.
Mas o Bobo era astuto. E o
astuto conheceu a Curiosa. A qual o aceitara prontamente em sua Corte. Por um
extenso período de tempo aquela corte fora seu refúgio. No entanto, a Curiosa
tinha curiosidades e logo fechou a Corte e pôs-se ao mundo. Ao Bobo nada
restara e não lhe era permitido desistir de constituir sorrisos. Todavia já lhe
era tarde, o estrago havia sido feito. O Bobo tinha agora o conhecimento da
estúpida verdade, o inevitável fato de que, com uma Corte, os sorrisos
provocados por ele (e nele) eram mais intensos, a alegria mais presente e permanente,
a felicidade mais real e completa.
E então o astuto estulto se
pôs a busca de outra Corte e assim, conheceu a Inocente. Inocente logo concedeu
sua Corte ao Bobo contudo, o Bobo recusara no mesmo instante em que percebeu
que esta Corte era de difícil acesso e os sorrisos provocados nela eram mínimos,
por consequência. Este Bobo queria algo grandioso, o seu grande ato, o mais
formidável de todos.
Logo, conheceu a Apaixonada
que, num ato apaixonante, envolveu o astuto e o levou a sua Corte, antes mesmo
que o tolo Bobo se desse conta. Esta Corte era sedutora, mágica, formidável e,
contrariamente, sombria, indefinida, confusa. Apaixonada, de tão apaixonada que
era, deixou de se apaixonar, refém do medo de perder aquilo pelo que era
apaixonada, no anseio de novas paixões... e fechou a Corte.
O Bobo, de tão bobo que era,
não cessou suas esperanças e amplificou sua estultícia. Só assim pôde conhecer
a Triste e cortejá-la por sua Corte. Triste era o extremo oposto do Bobo, tinha
medo, desesperança e conformismo. Mesmo assim, o Bobo a confortou com seus mais
bravos atos. Conseguiu gerar sorrisos no semblante triste da Triste e a
proporcionou nova esperança e novas perspectivas. Entre as novas perspectivas
de Triste, uma era a de conhecer novas artes. Então, perdeu o Bobo seu lugar
pra outro artista qualquer.
Rejeitado, o Bobo, de tão
bobo, estulto e redundante, fez de si próprio um pleonasmo e conheceu a Sisuda.
Esta exalava seriedade mas por dentro possuía um grande coração, resguardado a
sete chaves. Mas o Bobo tinha as sete e mais sete de reserva. Destrancou-lhe as
sete trancas e conquistou a sua corte. E esta Corte era específica, muito
semelhante a seu estilo. Não seria tão propícia, nem se feita sob medida. Ali
se multiplicaram os sorrisos, amplificou-se a felicidade, gerou-se nova
esperança. Então pensou o Bobo tolo, fazer ali seu grande ato, fazer desta
Corte o seu lugar mas Sisuda também queria seu grande ato, sendo este um grande
solo. Sisuda despediu-se do Bobo tolo, desejando sorte ao azarado.
E com mais um ato desastroso
seguiu o tolo Bobo sem destino, na esperança de encontrar algo que talvez nem
exista, ao menos não pra este Bobo estulto, mergulhado em pleonasmos, que nunca
sabe onde ir. Esperança ainda tem sim, mesmo que sendo incoerente, pois precisa
muito de uma Corte afinal, um Bobo da Corte sem uma Corte, não passa de um
simples palhaço.
Ariel
Aristides Silva
13/11/2012
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