quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Um Bobo sem Corte


Um Bobo sem Corte

A Inexpugnável alegria que trazia era notória afinal, como um Bobo ele agia, exercendo assim sua função. Mas, diferente de outros bobos, este não possuía Corte. Logo, algo lhe faltava.

Mas o Bobo era astuto. E o astuto conheceu a Curiosa. A qual o aceitara prontamente em sua Corte. Por um extenso período de tempo aquela corte fora seu refúgio. No entanto, a Curiosa tinha curiosidades e logo fechou a Corte e pôs-se ao mundo. Ao Bobo nada restara e não lhe era permitido desistir de constituir sorrisos. Todavia já lhe era tarde, o estrago havia sido feito. O Bobo tinha agora o conhecimento da estúpida verdade, o inevitável fato de que, com uma Corte, os sorrisos provocados por ele (e nele) eram mais intensos, a alegria mais presente e permanente, a felicidade mais real e completa.

E então o astuto estulto se pôs a busca de outra Corte e assim, conheceu a Inocente. Inocente logo concedeu sua Corte ao Bobo contudo, o Bobo recusara no mesmo instante em que percebeu que esta Corte era de difícil acesso e os sorrisos provocados nela eram mínimos, por consequência. Este Bobo queria algo grandioso, o seu grande ato, o mais formidável de todos.

Logo, conheceu a Apaixonada que, num ato apaixonante, envolveu o astuto e o levou a sua Corte, antes mesmo que o tolo Bobo se desse conta. Esta Corte era sedutora, mágica, formidável e, contrariamente, sombria, indefinida, confusa. Apaixonada, de tão apaixonada que era, deixou de se apaixonar, refém do medo de perder aquilo pelo que era apaixonada, no anseio de novas paixões... e fechou a Corte.

O Bobo, de tão bobo que era, não cessou suas esperanças e amplificou sua estultícia. Só assim pôde conhecer a Triste e cortejá-la por sua Corte. Triste era o extremo oposto do Bobo, tinha medo, desesperança e conformismo. Mesmo assim, o Bobo a confortou com seus mais bravos atos. Conseguiu gerar sorrisos no semblante triste da Triste e a proporcionou nova esperança e novas perspectivas. Entre as novas perspectivas de Triste, uma era a de conhecer novas artes. Então, perdeu o Bobo seu lugar pra outro artista qualquer.

Rejeitado, o Bobo, de tão bobo, estulto e redundante, fez de si próprio um pleonasmo e conheceu a Sisuda. Esta exalava seriedade mas por dentro possuía um grande coração, resguardado a sete chaves. Mas o Bobo tinha as sete e mais sete de reserva. Destrancou-lhe as sete trancas e conquistou a sua corte. E esta Corte era específica, muito semelhante a seu estilo. Não seria tão propícia, nem se feita sob medida. Ali se multiplicaram os sorrisos, amplificou-se a felicidade, gerou-se nova esperança. Então pensou o Bobo tolo, fazer ali seu grande ato, fazer desta Corte o seu lugar mas Sisuda também queria seu grande ato, sendo este um grande solo. Sisuda despediu-se do Bobo tolo, desejando sorte ao azarado.

E com mais um ato desastroso seguiu o tolo Bobo sem destino, na esperança de encontrar algo que talvez nem exista, ao menos não pra este Bobo estulto, mergulhado em pleonasmos, que nunca sabe onde ir. Esperança ainda tem sim, mesmo que sendo incoerente, pois precisa muito de uma Corte afinal, um Bobo da Corte sem uma Corte, não passa de um simples palhaço.



Ariel Aristides Silva
13/11/2012

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