sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Um Bobo sem Corte parte II

 Um Bobo sem Corte parte II




O estulto bobo continua sua saga, mesmo que sem esperanças resolveu ainda viver. Um bobo sem corte já não lhe parecia tão mal, uma vez que apenas ser um palhaço poderia ser razoável. 

Contudo seu mundo virou com a vida lhe trazendo novamente a Triste, casualmente, muito tempo depois. Ambos diferentes, mas com os mesmos defeitos entranhados. Resolveram que uma corte seria uma experiência agradável e, dessa vez, a vida os surpreendera. Foi um local de paz, conforto e sorrisos. Houve tantas mudanças que a Triste deveria ter mudado seu nome e o Bobo sua profissão.

Porém a vida brincava com o bobo. Talvez seu brinquedo favorito. Com a mesma ocasionalidade que lhe trouxe de volta a Triste, a tomara de súbito, sem a menor explicação. Mas antes da partida, mesmo sem saber a armadilha que a vida lhe preparava, ela presenteou o bobo estulto com uma dádiva de SABEDORIA a ser cultivada e com um PRESENTE DE DEUS a ser protegido.

O Bobo morrera com a Triste, desistiu de qualquer sorriso, desistiu da vida e só não a deixou definitivamente pois precisava cultivar a SABEDORIA e o PRESENTE DE DEUS recebidos. Mesmo quebrado, o Bobo conheceu a Atriz. Essa corte esteve de portas abertas ao Bobo, mas o Bobo não estava pronto, já não via mais sentido em cortes e deixou a Atriz partir em suas melhores cenas, mesmo que com lagrimas nos olhos, era a melhor decisão para o futuro dela.

Mas a vida não se cansava de brincar com o bobo. E ele Estulto sempre caíra em suas armadilhas. Então reencontrou alguém do passado, essa era a Determinada. De nada desistia e como seu padrão de insistencia, não havia ainda desistido do Bobo que de tão bobo nunca reparara. Mas algo saiu do controle, seus espetáculos não estavam em sintonia. E como um soprar de vento o Bobo estúpido foi soprado pra longe.

Antes mesmo de pousar, abraçado sempre a seus cultivos, a Atriz reapareceu, mas apenas para dizer que havia desistido depois de tanto tempo sem reciprocidade. E cada um tomou seu rumo.

O Bobo, azarado, estulto, estúpido, resolveu definitivamente se dedicar aos cultivos recebidos da triste antes de sua partida e que criaria uma proteção ao redor deles. E como muito tolo era, permitiu que alguém aproximasse sem se tocar, ela o ajudou com seus cultivos em alguns momentos e acabou quebrando a barreira que os protegiam. Seus olhos prodiziam girassóis que seu proprio sorriso iluminava.

Ela cultivava um presente tambem sozinha e quando resolveu abrir seus olhos, o Bobo fez a única coisa que não deveria, abaixou sua guarda e percebeu que essa pessoa, a Confusa, se encaixava em tantas coisas que realmente valorizava e se iludiu novamente. A atenção e carinho com seus presentes, a simplicidade com a qual se alegrava, os valores que não abondonava e principalmente a força que demonstrava. Mesmo achando arriscado, o Bobo nem tão bobo aqui, percebeu uma sintonia que não encontrava a tempos


 A Confusa, depois de muita confusão, resolver ser confusa com o Bobo. E os padrões se repetem. Entre confusões, a confusa resolveu que não precisava conversar com o bobo. E em sua confusão simplesmente apagou de sua memória qualquer lembrança boa com o Bobo. 

Criou em sua cabeça várias previsões hipotéticas e terríveis. Parou de gostar das piadas do bobo e as levava a sério. E sem nenhuma chance de diálogo a Confusa decidiu por si mesma! E sua própria confusão foi quem definiu que nada fazia sentido mesmo se fizesse. Que aquela corte ainda não construída cairia em algum momento. Que ela não era boa no que estava sendo perfeita. Que o Bobo não lhe servia, pois sua confusão previu isso em sua cabeça. E seguiram seus padrões, a Confusa em sua zona de conforto e confusão e o Bobo novamente blindado e blindando seus cultivos carregando um último girassol murcho de vergonha.

A vida mostrava-lhe o quanto se divertia com ele. A vida mostrava como não gostava dele. A vida realmente o desprezava, mas ninguém havia lhe dito que sua historia seria feliz, então com muita teimosia e alheio aos desejos da vida o bobo segue. Apenas ele e seus cultivos, talvez os únicos em quem realmente deveria depositar boas espectativas. Afinal a vida mostrava cada vez mais que para o Bobo, nada haveria de positivo. As pessoas em quem confiava sempre o decepcionavam. 

Mas como um bobo, uma parte de seu objetivo cumpria, gerava sorrisos, não nas pessoas que amava, talvez nas pessoas que o decepcionara, mas com certeza na vida que o assistia de longe e debochava: ‘Quanto tempo mais...’

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